Texto Introdutório:

 

FIAT LUX. E fez-se luz. Seja por fortes e incontornáveis condicionantes biológicas ou pelas mais variadas predicações metafísicas da luz, é certo que sem ela a nossa existência e a da realidade que conhecemos estariam seriamente postos em causa. Dela dependemos, com ela aprendemos a viver e a construir visualmente todo um mundo.

 

A partir da luz fez-se tudo o que a nossa existência conseguiu produzir, fossem elementos materiais, imateriais, espirituais ou outros. Se a norma estabelecida e de aceitação tácita é o olhar através da luz, poucos foram os que viram a luz através do olhar, poucos foram os que recusaram a enganadora gratuituidade do olhar. As coisas não nos são dadas a ver, participamos tão activa quanto inconscientemente num olhar que partilha a construção da realidade entre a nossa experiência  e todas as multiplas componentes da própria realidade. Todos os olhares são diálogos entre o ser que somos e o ser que nos transcende.

 

Se poucos são os que ultrapassam as dificeis barreiras do olhar, ainda menos são os que retornam e enriquecidos pela experiência, constroem novos e edificantes olhares. 

Helena Santos conseguiu-o.

 

António Santos     Artista Plástico